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Servidores se reúnem para compartilhar experiências no atendimento a alunos com necessidades específicas

Publicado: Segunda, 02 de Dezembro de 2013, 11h21 | Última atualização em Sexta, 19 de Mai de 2017, 10h04

O II Encontro dos Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas – Napnes do Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes reuniu cerca de 75 servidores de todos os campi da instituição no Hotel Fazenda Parque do China, em Domingos Martins, entre os dias 27 e 29 de novembro. Na abertura, houve apresentações culturais, palestras e a mesa-redonda “Contextualização da Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva no Âmbito do Ifes”.

O objetivo do evento, com o tema “Compartilhando práticas e saberes na construção de uma política de inclusão no Ifes”, foi conhecer as ações já em andamento nos campi, promover a discussão e propor novas ideias para a promoção de um sistema educacional inclusivo no Instituto.

A cerimônia de abertura, que aconteceu no dia 27, à tarde, foi conduzida por Lu Helena Gava Batista, pedagoga da Associação Colatinense dos Deficientes Visuais (ACDV), que é cega. Ela, que também é revisora de textos em braile, leu o roteiro do cerimonial nessa linguagem.

Compuseram a mesa a pró-reitora de Ensino do Ifes, Araceli Ribeiro; Thiago Sandrini Mansur, psicólogo do campus Cachoeiro de Itapemirim e presidente do Fórum dos Napnes; Milena Bertolo, psicóloga do campus Colatina e representante da comissão organizadora do encontro; e Karina Alves de Castro Pinto, nutricionista e representante da Assessoria Multidisciplinar de Inclusão e Assistência Estudantil, da Pró-Reitoria de Ensino - Proen.

Thiago agradeceu o empenho da organização e de todos os presentes. Ele destacou que os dias de intensos debates seriam um ponto de partida para a consolidação da política inclusiva e de acessibilidade no Ifes. Milena destacou a dedicação da equipe da Proen e de todos os membros da comissão organizadora. Karina afirmou que a realização do evento é um momento de emoção e alegria para todos, após quatro meses de preparação. “Espero que todos aproveitem e contribuam bastante para continuarmos essa caminhada no Ifes”, desejou.

Em sua fala, Araceli pontuou o envolvimento de todos os participantes. “É bonito de ver o envolvimento de todos para ajudar. O evento é rico justamente por essa integração”, afirmou. A pró-reitora lembrou que ainda é necessário estruturar melhor os Napnes para que recebam as pessoas com necessidades específicas de forma adequada, com equipamentos, profissionais e espaços destinados aos núcleos. Para Araceli, as propostas que saírem do encontro vão contribuir também para o Planejamento Estratégico do Ifes, que está em andamento. “Que todos se sintam incluídos e participem bastante do evento”, finalizou.

A estudante Maryule Damas Fazolo, 14 anos, que conta com a Atendimento Educacional Especializado da ACDV, cantou o hino nacional. Em seguida, os presentes puderam assistir a uma apresentação do Coral de Libras do campus Itapina.

Depois da apresentação, a professora Maria do Socorro Santana Reinoso proferiu a palestra “A pessoa com deficiência: acessibilidade e possibilidades nas práticas pedagógicas cotidianas”. Ela é especialista em processo de inclusão de pessoas com cegueira, baixa visão e deficiências múltiplas, e hoje ocupa o cargo de coordenadora do Centro de Reabilitação da Pessoa com Deficiência, que faz parte da ACDV. Ela ainda atua no programa “Emprego Apoiado”, que busca a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Com 27 anos de experiência na área, Socorro relatou vários casos de sucesso, como de ex-alunos que foram aprovados no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em concurso para juiz e contratados por grandes empresas. A importância da educação foi um dos pontos que ela destacou em sua fala. “A educação é a porta de entrada para a cidadania”, afirmou. Autonomia foi outro ponto chave. “A pessoa tem que aprender com as ferramentas disponíveis, com a tecnologia, para ter a sua autonomia.”

Para ela, as escolas têm de encontrar formas de se adaptar aos alunos especiais e mudar a sua mentalidade. “Adaptar não significa tirar conteúdo das matérias, mas utilizar outras ferramentas para que o estudante tenha acesso às informações.” Para o Ifes, ela lembrou: “Os alunos com necessidades específicas estão fazendo o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem. Eles estão chegando aos institutos federais e às universidades”.

Diversas ferramentas de acesso ao currículo foram apresentadas ao longo da palestra, como lupas eletrônicas, ampliadores de tela, órteses, etc. Ao final, a estudante Maryule participou, apresentando programas de computador para auxiliar no aprendizado de pessoas com baixa visão.

O professor Marinaldo Zanotelli, do campus Itapina, falou em seguida. Ele apresentou o projeto do Jardim Sensorial que está em implantação no campus e suas versões itinerantes. Segundo Marinaldo, a ideia surgiu após conversa com Maria do Socorro. “O jardim tem a função de ativar a percepção das pessoas, os sentidos, além de promover o contato com a natureza”, explicou. No ambiente, as pessoas podem tocar, cheirar e até provar as plantas. Os visitantes ainda passam por tipos diferentes de piso, ativando seu equilíbrio.

Evolução dos Napnes no Ifes

O II Encontro dos Napnes do Ifes sucede um primeiro evento, realizado em 2011, para discutir as políticas de acessibilidade e educação especial do Instituto. Naquele ano, apenas seis campi tinham núcleos, recorda a psicóloga Suzana Gotardo, do campus Santa Teresa. Atualmente, os 17 campi têm Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas. “Já avançamos. Antes, não existia a integração entre as ações dos campi”, comenta.

Na sua opinião, uma das questões a serem resolvidas agora é a formação das próprias pessoas envolvidas nos Napnes, e o momento do encontro também é uma oportunidade para isso. “Fazer proposições e ouvir os outros participantes também é formação. Isso enriquece o trabalho”, afirmou. Suzana lembrou que a demanda por atendimento de pessoas com necessidades específicas é crescente. “As políticas de inclusão impactaram primeiro o ensino fundamental. Agora a tendência é essas pessoas chegarem ao ensino médio, técnico e superior.” O Instituto tinha, em 2012, 23 estudantes sendo atendidos. Este ano, já são 70.

O presidente do Fórum dos Napnes, Thiago Mansur, conta que o desafio é cotidiano. “Sobretudo no sentido de criar uma cultura de respeito às diversidades e também no próprio atendimento. Esse é um campo que envolve a necessidade de conhecimentos técnicos bem particulares, que demandam muito nossa articulação e empenho.”

A pró-reitora de Ensino, Araceli Ribeiro, reforça a importância do trabalho dos Napnes. “Dar as condições para que esse público tenha acesso à escola, a uma formação, não impacta somente nas pessoas atendidas diretamente. Tem repercussões no entorno, na comunidade acadêmica, na família. É incrível ver como as pessoas ao redor também aprendem e mudam”, declarou.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação Social - Reitoria

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