Rede Federal busca fortalecimento da cooperação latino-americana nas ações de internacionalização
Confira como foi a mesa de internacionalização da Reditec 2020.
O compartilhamento de experiências e as parcerias acadêmicas com instituições de diversas partes do mundo são marcas das ações de internacionalização da Rede Federal e, por isso mesmo, não poderia ficar de fora dos debates da Reditec 2020. A mesa-redonda que encerrou a programação de palestras do evento, na tarde dessa quinta-feira, 08, teve como foco o fortalecimento da identidade latino e ibero-americana nas ações de internacionalização da Rede Federal. Participaram dos debates o secretário-geral da Organização Universitária Interamericana (OUI-IOHE), David Julien, e o professor doutor Luciano Marcelino, que também é fundador e diretor da Rectoral Board Institute. A mediação ficou por conta do coordenador da câmara de Relações Internacionais do Conif e reitor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Jefferson Manhães de Azevedo. Cooperação e diálogo no enfrentamento de desafios globais De acordo com o dirigente, a discussão proposta dentro da mesa-redonda buscou destacar de que maneira, mesmo em um cenário de adversidade, a internacionalização pode favorecer o alcance dos objetivos da Rede Federal, especialmente no desenvolvimento de processos educativos e investigativos de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais. Além disso, o gestor enfatizou a proposta do painel de discutir a estratégia de fortalecimento da integração da América Latina, “entendendo que o compartilhamento de realidades históricas e os desafios comuns são ferramentas significativas para a expansão do conhecimento e para a coordenação de ações conjuntas que poderão favorecer o desenvolvimento regional”. Internacionalização como identidade estratégica Uma das ações citadas foi a experiência da Universidad Técnica Particular de Loja, do Equador, onde atua como diretor de Relações Internacionais. Lá, depois que se iniciou a pandemia, foi realizado um envio de cartas institucionais para embaixadas, entidades governamentais, redes internacionais e instituições de ensino conveniadas propondo uma política de reciprocidade voltada, sobretudo, à oferta de atividades acadêmicas inovadoras, em forma de cooperação interinstitucional, focadas na busca de soluções conjuntas em rede global. Tornar a internacionalização um processo natural dentro das instituições de ensino, inclusive, é uma construção que passa por diferentes estágios, de acordo com Marcelino. Ele mostrou que, no caminho inicial - no nível de tangenciamento -, a internacionalização ainda passa à margem do ensino, da pesquisa e da extensão. Numa etapa mais avançada, ela passa a se situar em uma dimensão de transversalidade, na qual já há uma série de interações com o ensino, pesquisa e extensão. Etapa a etapa, este caminho é percorrido até a instituição “avançar para que a internacionalização seja a própria identidade estratégica, para que seja uma instituição global”. Mobilidade Virtual em resposta à pandemia Julien mostrou como esta rede trabalha a troca de experiências, num diálogo constante e profícuo, numa região como a América Latina, unida por desafios históricos comuns e realidades geopolíticas mais próximas. Para contextualizar, apresentou os cinco programas executados pela OUI: Gestão e Liderança Universitárias (IGLU); Colégio das Américas (rede de inovação e pesquisa); Campus (compromisso social); Espaço para Mulheres Líderes de IES (Emulies) e Espaço Interamericano de Ensino Superior Técnico e Tecnológico (EIESTEC). Na sequência, o painelista trouxe uma alternativa concreta à situação atual que vivemos, de não-mobilidade, dentro do contexto da Covid-19: o estabelecimento de convênios com instituições estrangeiras para que estudantes possam cursar matérias de modo virtual ou a distância oferecidas por elas. Julian explicou que a OUI ampliou esta ideia e criou o programa eMOVIES que, com apenas cinco meses de trabalho, funciona como um consórcio de 70 instituições de 12 países, que oferecem, juntas, mais de 3.800 cursos, com mais de 17.000 vagas para alunos das instituições parceiras. “Acho que a mobilidade virtual é algo inevitável, mesmo depois do fim da pandemia. Vamos guardar esta prática, que atende outro perfil de estudante, como pais e mães de família, pessoas que devem trabalhar em tempo parcial, aqueles que não dispõem de recursos econômicos para fazer uma grande viagem internacional. Entrar em intercâmbios virtuais é muito mais acessível e fácil de realizar. Este é um jeito de aumentar as experiências mesmo ficando em casa”, concluiu. Texto: Greice Gomes (IFSul) e Renata Silveira (IFSULDEMINAS) Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Ifes
Ao comentar que estamos sendo cada vez mais desafiados planetariamente, o professor Jefferson Azevedo destacou a necessidade de pensar globalmente para encontrar caminhos possíveis no enfrentamento aos desafios que se apresentam. “Precisamos rechaçar qualquer movimento isolacionista, buscando sempre privilegiar os espaços multilaterais de colaboração, de cooperação e de diálogo”, comentou. Segundo ele, a internacionalização, além de se constituir uma ferramenta chave para transformar a educação e fortalecer suas comunidades, também favorece a formação de cidadãos e profissionais respeitosos da diversidade cultural, capazes de agir local e globalmente.
O professor doutor Luciano Marcelino abordou a internacionalização sob cinco perspectivas diferentes: a funcional, a transversal, a sistêmica, a holística e a que se apresenta neste contexto de pandemia. Ao situar a discussão sobre ações e processos de internacionalização compreendidos dentro de cada uma dessas perspectivas, o palestrante trouxe ideias e conceitos-chaves para a abordagem do tema, além de exemplos de experiências bem-sucedidas realizadas por diferentes instituições.
O secretário-geral da Organização Universitária Interamericana (OUI-IOHE), David Julien, apresentou também ações concretas de internacionalização desenvolvidas pelo organismo, que está presente em todo o continente americano e possui mais de 350 membros, entre instituições de ensino superior (IES), centros de pesquisas e associações universitárias nacionais, regionais ou internacionais, sendo uma delas, o Conif.
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